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Ozempic de graça: Prefeito do Rio promete distribuição de versão genérica na rede pública

O prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, fez uma declaração que gerou grande repercussão nas redes sociais: ele prometeu que, assim que a patente do medicamento Ozempic expirar, o remédio estará disponível gratuitamente na rede pública de saúde do município. Essa promessa, feita durante uma entrevista à coluna da Jurema, do jornal EXTRA, viralizou e levantou uma série de questionamentos sobre o impacto que essa medida poderia ter na saúde pública carioca.

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O Ozempic, fabricado pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, é um medicamento originalmente aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de diabetes tipo 2. No entanto, nos últimos anos, ele se popularizou no Brasil e em outros países devido ao seu uso off label – ou seja, para finalidades que vão além das indicações aprovadas – como auxiliar na perda de peso. O princípio ativo do Ozempic, a semaglutida, age imitando o hormônio GLP-1, que regula a sensação de saciedade no organismo, ajudando, assim, a controlar o apetite.

A polêmica em torno do prazo da patente

Na entrevista, Eduardo Paes mencionou que a patente do Ozempic expiraria em 2025, permitindo a fabricação de versões genéricas do medicamento. Entretanto, a patente na verdade só terminará em 2026, o que dá à Novo Nordisk mais dois anos de exclusividade para a produção e comercialização do medicamento. Após esse período, outros laboratórios poderão produzir e vender versões genéricas ou similares da semaglutida, o que tende a reduzir significativamente o custo do tratamento.

O mercado farmacêutico, inclusive, já está se preparando para esse momento. Mesmo antes do vencimento da patente, os laboratórios podem começar a desenvolver as moléculas e conduzir estudos clínicos para comprovar a segurança e eficácia dos medicamentos genéricos. Isso significa que, uma vez que a exclusividade da patente chegue ao fim, esses medicamentos já estarão prontos para serem comercializados e distribuídos.

A corrida global pelo genérico da semaglutida

Não é apenas no Brasil que há um grande interesse em disponibilizar versões mais acessíveis do Ozempic. Laboratórios de países como China e Índia estão à frente no desenvolvimento de genéricos da semaglutida. Em abril de 2024, por exemplo, a empresa chinesa Hangzhou Jiuyuan Gene Engineering submeteu às autoridades de seu país o primeiro pedido de aprovação de um medicamento similar à semaglutida. Isso sinaliza que a competição global pelo mercado de medicamentos para perda de peso está cada vez mais acirrada.

Com a chegada dos genéricos, os preços poderão cair de forma significativa, como ocorre frequentemente no Brasil com outros medicamentos. Estima-se que, uma vez lançados, os genéricos do Ozempic possam ser vendidos a um preço entre 15% e 60% mais barato que a versão original. Isso tornaria o tratamento acessível a uma parcela muito maior da população.

Os desafios e oportunidades da distribuição pública

A promessa de Eduardo Paes de distribuir o genérico do Ozempic na rede pública de saúde do Rio de Janeiro levanta uma série de questões. Primeiramente, será necessário garantir que a produção nacional ou a importação do medicamento seja suficiente para atender à demanda crescente. Afinal, o uso do Ozempic, tanto para tratar diabetes quanto para auxiliar na perda de peso, está em alta, e a oferta de um genérico gratuito poderia aumentar ainda mais a procura.

Outro ponto importante é garantir que o medicamento seja utilizado de maneira adequada. Embora a semaglutida tenha se popularizado como uma solução para emagrecer, é fundamental lembrar que o uso de qualquer medicamento deve ser feito sob orientação médica. O Ozempic não é um “remédio mágico” para perder peso, e seu uso indiscriminado pode causar efeitos colaterais e complicações à saúde.

Além disso, é necessário avaliar o impacto financeiro dessa medida para os cofres públicos. O fornecimento de um medicamento tão popular e de alto custo, mesmo em sua versão genérica, pode representar um desafio para o orçamento da saúde municipal. No entanto, se a medida for bem planejada e executada, poderá trazer benefícios significativos à saúde da população, especialmente no combate ao diabetes, uma doença crônica que afeta milhões de brasileiros.

A importância do Ozempic para a saúde pública

A introdução de medicamentos inovadores na rede pública de saúde, como o genérico do Ozempic, pode representar um avanço importante no tratamento de condições crônicas como o diabetes tipo 2. No Brasil, o diabetes é uma das principais causas de complicações de saúde, como problemas cardíacos, derrames e amputações. O uso de medicamentos que ajudam a controlar o nível de açúcar no sangue, como o Ozempic, pode reduzir significativamente essas complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Por outro lado, o uso do medicamento para fins estéticos, como a perda de peso, é um tema delicado. Embora a semaglutida tenha se mostrado eficaz para esse fim, o emagrecimento deve ser feito de forma controlada e com acompanhamento médico. A distribuição indiscriminada do medicamento para perda de peso, sem os devidos cuidados, pode trazer mais problemas do que soluções.

O que é e para que serve o Ozempic?

Agora que já entendemos o contexto da promessa de Eduardo Paes e o que está em jogo com a distribuição do genérico do Ozempic, é importante explicar de forma clara o que é esse medicamento e como ele funciona.

O Ozempic é um medicamento cujo princípio ativo é a semaglutida, uma substância sintética que imita a ação do hormônio GLP-1 (glucagon-like peptide-1). Esse hormônio é naturalmente produzido pelo organismo e tem como uma de suas principais funções regular a quantidade de glicose (açúcar) no sangue. Ao imitar a ação do GLP-1, a semaglutida ajuda a aumentar a secreção de insulina pelo pâncreas e a reduzir a produção de glicose pelo fígado, o que resulta em um melhor controle do diabetes tipo 2.

Além disso, o Ozempic também age no sistema nervoso central, promovendo a sensação de saciedade. Esse efeito faz com que os pacientes sintam menos fome e comam menos, o que contribui para a perda de peso. É por isso que o medicamento tem sido amplamente utilizado off label, ou seja, fora das indicações originais aprovadas, como uma alternativa para o emagrecimento.

No entanto, é importante destacar que o Ozempic não deve ser usado como uma solução rápida para perder peso. O medicamento foi desenvolvido principalmente para o tratamento do diabetes tipo 2, e seu uso deve ser acompanhado por um médico, que poderá avaliar os riscos e benefícios para cada paciente. Entre os possíveis efeitos colaterais do uso de semaglutida estão náuseas, vômitos, diarreia e reações alérgicas.

A promessa do prefeito Eduardo Paes de distribuir o genérico do Ozempic na rede pública do Rio de Janeiro traz esperança para muitos pacientes que lutam contra o diabetes e a obesidade. No entanto, é necessário aguardar o vencimento da patente do medicamento em 2026 para que os genéricos possam ser fabricados e comercializados. Até lá, o debate sobre a eficácia, segurança e acesso ao Ozempic deve continuar, com foco na saúde e bem-estar da população.

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